Debaixo do travesseiro

A tarde já ía ao fim naquele dia abafado. Ela sabia que o sol estava atrás do coletivo de nuvens cinzentas, porque a professora de ciências falava que mesmo não aparecendo, ele estava lá, e como o se tratava de uma estrela de quinta grandeza, ela só não entendia porque ele estava tão tímido há tantas semanas. Um dia ela desenhou um cometa e ganhou 5 estrelinhas no caderno brochura que tinha o hino nacional na contra-capa. Em baixo a mesma professora colocou um carimbo: Você terá um futuro brilhante!
E ela não imaginava que aquele desenho que não custou mais que uma hora da tarde de domingo iria influenciar em sua vida a tal ponto de iluminar os dias que viriam. Se bem que ela gostava de colecionar essas estrelinhas para mostrar o caderno ao seu pai, só para ouvir ele rindo e a abraçando com orgulho, o que não seria tão comum depois de um tempo, como ela descobriria após os anos escorrerem.
[falta escrever esse(s) parágrafo(s)... Ou não]
E hoje vê que a infância serviu numa gaveta cada vez mais esquecida, empoeirada e ruim de abrir. A ferrugem nos brinquedos, nos sorrisos, nos cantinhos das fotografias. A alma pesada, de um tanto de coisas que nunca pensou em carregar um dia. Agonia perto da garganta. Medo na noite sem Lua, e o galo que morava em cima do armário sumiu. Mal lembra dos gostos das merendas da escola, das frutas roubadas e da sensação de simplesmente não se sentir culpada.

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