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ácido-base

No primeiro dia de aula disciplina: ciências,  eu nova na escola, me sentindo ET. A colega de cabelo típico-de-igreja me cutuca: "Oi, como é seu nome?" Eu vou dizer,  então a professora responde: "Não sei como era  ~lá de onde você veio~, mas aqui quando falo os outros escutam" Acabei engolindo palavras  e nunca apreendi o  fenômeno de pingar limão no repolho roxo

Um cemitério na cabeça

A saudade é uma dor na ponta do dedo,  uma unha cortando a carne.  Lateja à noite e atrasa o passo.  Confunde os sonhos. Se voltássemos lá,  talvez bem pouco acharíamos.  Mas vistas daqui, de tão longe,  as memórias são insuperáveis.

Memórias quiçá-fictícias

Dávamos voltas intermináveis de bicicleta naquela esquina de pedras soltas.  O momento ousado era o de descer até a rua do bar da Glória sem derrapar e/ou cair.  Sempre um frio na barriga diferente.  Às vezes, íamos ainda mais longe, chegando perto da rodovia.  De lá, contávamos quantos carros de cada cor passavam.  Vinte anos depois, procurei no Google Maps a rua onde vivi minha infância.  Agora, as pedras não estão mais soltas.  E já não reconheço muitas das casas,  inclusive aquela em que morei. *** Eu me lembro de uma vez em que fui ao  parque de diversões escondida na caçamba da caminhonete do vizinho.  Éramos crianças, deitamos amontoados e fomos cobertos, em silêncio,  para que não houvesse problemas com a polícia, claro.  Não sei se se foi o entusiasmo de estar contrariando as regras da sociedade,  ou ainda a emoção que se seguiria nos brinquedos radicais.  Mas vez ou outra ainda ouço risos e é como se abrisse os  olhos naquela escuridão-de-não-saber-onde- e

Como ter um blog de sucesso

"Escreva textos curtos, disse o professor do curso  sobre 'como usar um blog para sua empresa'.  Atualize com frequência. Seja atrativo.  Use imagens e vídeos para contribuir.  O internauta gosta".  Ah, sempre perco o foco ao ouvir a palavra internauta. Começo a pensar numa aparência inusitada de ET, com uma cabeça grande acinzentada, escoliose longa e eletricidade estática acumulada .  "Tenha foco e relevância, ressalta o instrutor.  Se você falar sobre todos os assuntos,  não vai agradar a ninguém.  A lém disso, não escreva por escrever".  Penso que o meu blog é um sucesso. Só que não. Temo pela visibilidade da minha empresa que sequer existe. Entro em falência. Silencio e perco todos os clientes para a concorrência. Nada sobra. Só um retalho.

Vozes abafadas

No dia em que conversei com a Eliane Brum em Guarapuava, ela me disse que pagou com o dinheiro da sua poupança a viagem a Belém do Pará, porque precisava dar visibilidade às vozes que não estavam sendo ouvidas a respeito da construção da usina de Belo Monte. Dessa maneira, não considera que tomou "partido" de algum lado, apenas cumpriu a missão de repórter, de mostrar o maior número de versões possíveis de um mesmo fato.

Eu tô ficando velha, eu tô ficando louca

Comia tranquilamente o cheetos do pacote alaranjado quando fiquei chocada - sim, acredite, às vezes ainda consigo ficar decepcionada com os tais dias de hoje.

Não existe amor em Guarapuava

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É tão interessante ver atitudes contra a mesmice em Guarapuava - talvez por serem raras. Há alguns meses, tenho percebido as mesmas frases em diferentes muros, seguindo a ideia dos grafites que ilustram o vídeo da canção Não Existe Amor em SP, do Criolo. Muros "onde os grafites gritam".