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Mostrando postagens de outubro, 2009

Daquele dia até agora

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Elas aparecem aos punhados com suas camisetas azuis, alaranjadas, verdes, brancas, com ou sem estampa. Como embaladas por uma valsa em fuga, somem nas ruas, por trás dos toldos velhos e sujos. Onde todas se escondem quando o céu começa a ganhar tons escuros? Por que é que o Zé sempre cruza o cemitério? Por que olha, arisco, para os três lados antes de entrar? Parece que se esconde, mas de quem? Quase no céu, em cima de um prédio, outro Zé ajeita a massa. Suas mãos ásperas procuram trabalhar o cimento da melhor maneira. Movimentos circulares e depois retos verticais, ele tira o excesso e passa o braço na testa suada. Suspira. Mesmo depois de tantos anos ainda treme quando olha para baixo. O homem assovia uma canção e a brisa passa para, em seguida, encontrar outro alguém. E isso nunca para. Foto minha.

Aos que sabem das horas

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Quando vejo pessoas que sabem viver com o tempo faço silêncio, por respeito. Para elas não há disputas ou correrias, não há prazo de validade ou peso na consciência. O tempo torna-se apenas o tempo, seguido de prosas, pequenas e boas alegrias, como o gosto do pão quentinho com manteiga derretida ou o barulho dos grilos misturado ao canto dos pássaros no quintal. As horas são música, o sol da tarde é consolo e o anoitecer, despedida, mas logo um reencontro. Nesta semana conheci o Seu Osvaldo. Ele sabe dessas coisas, eu sei que ele sabe. Foto minha.