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Como ter um blog de sucesso

"Escreva textos curtos, disse o professor do curso  sobre 'como usar um blog para sua empresa'.  Atualize com frequência. Seja atrativo.  Use imagens e vídeos para contribuir.  O internauta gosta".  Ah, sempre perco o foco ao ouvir a palavra internauta. Começo a pensar numa aparência inusitada de ET, com uma cabeça grande acinzentada, escoliose longa e eletricidade estática acumulada .  "Tenha foco e relevância, ressalta o instrutor.  Se você falar sobre todos os assuntos,  não vai agradar a ninguém.  A lém disso, não escreva por escrever".  Penso que o meu blog é um sucesso. Só que não. Temo pela visibilidade da minha empresa que sequer existe. Entro em falência. Silencio e perco todos os clientes para a concorrência. Nada sobra. Só um retalho.

Vozes abafadas

No dia em que conversei com a Eliane Brum em Guarapuava, ela me disse que pagou com o dinheiro da sua poupança a viagem a Belém do Pará, porque precisava dar visibilidade às vozes que não estavam sendo ouvidas a respeito da construção da usina de Belo Monte. Dessa maneira, não considera que tomou "partido" de algum lado, apenas cumpriu a missão de repórter, de mostrar o maior número de versões possíveis de um mesmo fato.

Eu tô ficando velha, eu tô ficando louca

Comia tranquilamente o cheetos do pacote alaranjado quando fiquei chocada - sim, acredite, às vezes ainda consigo ficar decepcionada com os tais dias de hoje.

Não existe amor em Guarapuava

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É tão interessante ver atitudes contra a mesmice em Guarapuava - talvez por serem raras. Há alguns meses, tenho percebido as mesmas frases em diferentes muros, seguindo a ideia dos grafites que ilustram o vídeo da canção Não Existe Amor em SP, do Criolo. Muros "onde os grafites gritam".

Achados antigos

Eu escrevi isso em agosto de 2008 e encontrei aqui nos rascunhos do blog. É provável que o eu que posta o texto não seja o eu que escreveu. É engraçado...

Quatro quadras

S em os óculos, preferi andar olhando mais para o chão, diminuindo os riscos de não identificar algum conhecido ou não enxergar o que deveria ser visto. Foi quando me assustei ao bater numa das calças expostas do lado de fora da loja de confecções que tinha um locutor ao vivo e a cores. "Não perca nossas promoções, vista-se bem neste inverno por apenas dez reais", dizia ele, forjando uma voz de cantor de exposição-feira. Alguns passos adiante, um gari se locomovia como eu, mirando somente as calçadas, talvez por hábito e não por miopia. Então o bar deixou no ar o cheiro de fritura que remeteu ao óleo de soja utilizado mais vezes do que a vigilância sanitária recomenda no preparo das coxinhas. Na esquina, um moço vendia meias, tentando persuadir por meio de frases toscas. Tudo aconteceu em quatro quadras de um dia até então vazio.

Preferências

João, que tem cílios parecidos com os meus, está com quase três anos e deu de falar bastante sobre os seus gostos.  Ama a girafa "que tem o pescoço muito maior do que o seu". Acha bonito o rinoceronte de "olhos longos". Imita o leão e a serpente. Garante que tem se comportado bem e que já é grande, só porque quer uma bateria para tocar com "batecas". Afirma que suas cores prediletas são verde e amarelo. Diz azul em inglês, "blul". Num momento encantado, olha a caixinha de música com olhos que não entendem e, bem por isso, sorriem.

Madrugada

Assim como o poeta do Pantanal, ela passou anos se procurando em lugares nenhuns, até que não se achou. Agora é cedo e a moça busca equivocadamente nos arquivos antigos do disco rígido o exato momento em que tudo desandou de vez. 

Coisas insignificantes

No mesmo dia em que a caneta estourou na mão, o canto da página da tarefa rasgou no momento de destacá-la do caderno. Acabou a pilha do controle do portão eletrônico e o ponteiro do combustível correu sorrateiramente para perto da reserva... A pasta de dente se jogou no uniforme vermelho, justamente na única camiseta que estava limpa, e a ingrata lâmpada do banheiro queimou. A impressora devidamente instalada não foi reconhecida e a ligação pulou direto para a caixa postal, sem perdão. No resumo são tantas pequenas tragédias cotidianas, tantas coisas insignificantes demais para serem esquecidas.

Dia a dia

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As imagens e o texto escrito pelo fotógrafo Antanas Sutkus para a exposição ‘Um olhar livre’, que está no Museu Oscar Niemeyer, foram uma das coisas bonitas que vi nos últimos dias. Tanto é que decidi publicar aqui alguns trechos. A mostra fica lá até o início de maio. Confira...

Vulto

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Na eterna sina de correr para o que se é, a gente segue indo para lá, sem saber ao certo onde isso fica. No caminho, aquela frase do filme vai martelando. “O rato come queijo, o gato bebe leite e eu sou palhaço”. Simples, não é? Quem dera. O bom é que o poeta garantiu que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Para Mari. Foto: Divulgação.

Sobre paredes

Assumo: o tempo realmente tem passado. Percebo isso pela parede do meu quarto. Ela ‘nasceu’ cor de pêssego, aí foi pintada de verde clarinho e agora é branca, mas fica fácil constatar que existiram outras camadas não tão alvas, de anos não tão antigos. São dezenas de sinais de buracos, localizados em diversos locais onde tantas estantes estiveram. Na vida, a gente recorre várias vezes ao uso de massa acrílica, embora os consertos nos desconcertem.