as voltas que o mundo dá

"Lucien não se pronuncia assim, tão simples como se lê". Isso o rapaz dizia desde os primórdios dos seus dias, ainda quando vestia o shorts azul escuro surrado com lista lateral branca, na escola. No auge das suas duas décadas encontrou um emprego e embora cansado fisicamente ao fim de cada dia, sentia antes de dormir uma tranquilidade típica de quem tem fé na vida.
"Lucien é um nome exótico, deve ser falado como no interior da França". Isso o homem já feito repetia aos quatro cantos, onde quer que perguntassem como se chamava. O mais interessante foi ter encontrado na mesma empresa onde trabalhava um menino que, além dos trejeitos, tinha algo a mais de parecido... Sim, o nome! Um Lucien numa empresa não é algo raro. Dois "Luciens de pronúncia francesa" na mesma empresa já pode ser considerado um fato que merece ser observado com mais calma. E quando o Lucien de 54 anos olhava para o de 22, sentia como se estivesse frente a um espelho. Um espelho desregulado, talvez, bem parecido com aqueles mágicos, dos filmes da Sessão da Tarde.
Da curiosidade veio a pergunta:
- Quem deu o nome a você, menino?
- A minha mãe, em homenagem ao amor que sentia pelo meu pai, que foi um relacionamento rápido.

E o Lucien mais vivido sentiu um daqueles frios na espinha, e o mais novo um daqueles apertos no peito... "Será?"
Sim! Filho e pai homônimos, colegas de trabalho e um tanto quanto desconfiados com as coincidências da vida.

Texto meu, baseado num fato real.
Confira a notícia factual veiculada hoje no Uol.

Comentários

  1. Isso aconteceu de verdade ou você criou essa história?

    De qualquer forma não é de se duvidar... esse mundo é pequeno demais! Beijão!

    ResponderExcluir
  2. O texto é ótimo, mas a curiosidade que eu senti pelo fato real no qual foi baseada a história é impagável. Ei, não tem um Lucien no Amelie ou estou viajando?

    Beijo!

    ResponderExcluir
  3. *-*
    Saudades de você!!
    Como tão as coisas?
    A faculdade?

    Eu gostei da história...=)

    ResponderExcluir
  4. Não pude ensinar os primeiros passos. Mas, quem sabe, os próximos eu possa ensinar.

    Virgem Maria, me emocionei.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um cemitério na cabeça

Não existe amor em Guarapuava