Sobre pedras no caminho

Acir não quis ser coitado. Não foi e nem tem sido fácil sustentar a escolha. A saga começou na infância, quando não o queriam na escola junto das outras crianças. Diziam que não tinham estrutura suficiente para ele, seria complicado demais. Aprendeu a ler e a escrever dentro de casa, e a pintar quadros nas oficinas da Apae. Várias pinturas estão penduradas na sua sala. Só aos 15 pôde se matricular no ensino regular, por isso, percebe que as coisas melhoraram bastante hoje em dia, pelo menos na teoria. O problema é que ainda não é o suficiente - são tantos pequenos desaforos no dia a dia, tantas pedras no caminho. Acir já recebeu olhares de piedade, de dó, de estranhamento, mas não deixou os vários olhares piorarem o seu. 
"Às vezes eu ia com meu irmão à farmácia. Eu queria comprar algo e meu irmão me acompanhava. O atendente perguntava para meu irmão o que eu queria. Meu irmão dizia: 'eu só vim junto, pergunta para ele, ué'. Era como se, por estar na cadeira de rodas, eu não tivesse autonomia alguma", relembrou. "Às vezes eu me sinto à margem. Mas já não abaixo a cabeça".


Reportagem completa publicada na edição dos dias 27 e 28 de agosto do Diário de Guarapuava.

Comentários

  1. Legal ver que você tá fazendo um bom trabalho! Me sinto orgulhosa da indicação. Hehe

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