à margem, as melhores
As pessoas mais humanas que encontro debaixo das nuvens quase nunca estão na organização de eventos, chefia de escritórios ou ocupando cargos de relevância nas empresas, no Estado, na Igreja. Como o João e a Cleuza, que conheci meio sem querer nos fundos do quintal da festa. Se calados, ambos tendem ao árido, porém, quando conversam, lembram o cheiro de chuva em grama recém-cortada. Eles saíram de casa após o almoço, para quiçá conseguir umas latinhas na tarde do domingo de céu azul. Não deu muito certo, outros vieram antes, mas eles não se abalaram e aproveitaram para contar experiências outras, como sobre a rotina de trabalho de juntar recicláveis e da necessidade de ir à colheita para conseguir um extra em tempos como estes. Embora juntos há uns dois anos, num puxado construído pelo próprio João, "em um lugar onde tomara ninguém vá reivindicar", o casal não tem foto alguma para enfeitar os cantos. Fiz, então, o favor, de boa vontade e de graça, mas tão logo a Cleuza sorriu, olhou para mim com ternura e avisou que me trará umas batatinhas diretamente do campo em troca do retrato.
Eu concordo contigo, sempre encontrei pessoas mais humanas fora desse mundo considerado "melhor" por muitos. Ali dentro esbarrei com muita arrogância, presunção, inveja, picuinhas... Não que isso não exista em todos os lugares, mas é mais frequente. Compartilho mesmo. Belo texto, mais uma vez.
ResponderExcluirExemplos de perseverança com este sempre fomentam reflexões.
ResponderExcluirTeu blog é que lembra cheiro de chuva!
ResponderExcluirMuito bom me atualizar nele.
Sim, elas são as mais humanas. E nem precisava de batatinhas do campo pra esse retrato valer a pena.
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