A notícia que não saiu no jornal
Seu Geraldo é guarapuavano e trabalha no ramo da venda de algodão doce há uns vinte anos. Anda por todos os bairros: Santa Cruz, Boqueirão, Santana, onde der. Agradece quando faz sol, principalmente no domingo a tarde (ultimamente ele deve estar triste). Já tentou sair com o tempo chuvoso, mas não conseguiu vender nada, porque as pessoas se escondem e sequer ouvem o seu chamamento. Ele logo explica: Algodão + máscara de super-herói é R$2, sem máscara, R$1,50. O homem é do tipo convencional. Sem grandes sonhos, ambições, sorrisos, alegrias. Não se vê nos seus olhos o reflexo do céu, tampouco em suas palavras desejos de porvires bons. Ele não chama atenção quando passa, a não ser quando arma o guarda-sol em cima da sua bicicleta. Parece que não tem orgulho do que faz, de certo não imaginava sua vida assim em outros tempos, mas é assim que é, e ele aceita, dando um jeito de continuar. Talvez alguém diria: não há nada o que se dizer sobre esse pobre humano, abandonado na vida como um algo usado e antigo, olhado de longe pelas pessoas (que não são crianças). Mas é que Seu Geraldo representa um tanto de gente. Gente que de alguma forma perdeu o fio que dava sentido ao viver, mas ainda assim vivem por aí. Gente que espera um dia de sol após o outro, para vender, receber, comer e, aos poucos ou aos muitos, envelhecer. Gente, ué.
Que saudade de Guarapuava, dos guarapuavanos...
ResponderExcluirBeijinhos.
Olha, posso te dizer que todo domingo vejo montes de Seus Geraldos passeando pelas ruas.
ResponderExcluirE eles são gente sim. Não raro, muito mais interessantes que outros, que se transvestem de pessoas.
beijo
O Seu Geraldo é muito mais gente que os políticos.
ResponderExcluirVontade de comer algodão doce.
=)
Gente, ué, como você que faz a gente como eu ver que vale a pena acreditar em gente como o seu Geraldo. E como você. Amei.
ResponderExcluirPor muito tempo tive medo de ser "seu Geraldo". Hoje vejo que se eu fosse assim, as coisas seriam mais fáceis.
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