somos quem podemos, sonhos

Como trilha sonora, uma voz rouca, melosa e quiçá suada, repete o mesmo verso sem parar. "A fila anda, amor. A fila anda". No ar, o cheiro de fritura de pastel se mistura ao aroma da chuva que cai no asfalto quente. Não tão sóbrio, o homem de boné azul que vende algodão doce, experimenta uma tarde cinza, sem açúcar, sem nada. Ele encosta o cotovelo esquerdo na cerca, e olha com um sorriso torto as pessoas que andam mais rápido do que costume, por conta dos pingos que caem do céu...
Coloca a mão no bolso da calça jeans suja para alcançar o troco da moça que pegou um algodão verde para o seu filho de cabelo laranjado. O homem pára mais uma vez, a observar o movimento, agora bate o instrumento sonoro típico dos vendedores de algodão doce enquanto olha para as nuvens, que parecem algodão...


Texto meu.
Foto de Ricardo Fabrello, disponível em
Olhares.com

Comentários

  1. Oi Scheylinha!
    Brigada pelo comentário, querida!
    Amei seu texto... olha, eu dei algumas palestras sobre redação (acredita?! :P) esse ano aqui na Bahia, e garanto que, se me pedirem para dar outra, uso o seu texto!
    Que riqueza de detalhes, menina. Lindo, apaixonante. A foto também!
    Beijo!
    E aparece quando quiser no Tudo que tem nome, tá!?
    =)

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  2. Esse texto desperta os sentidos, senti cheiro de fritura, gosto de algodão doce, senti a textura do jeans sujo e vi tudo...
    =**

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  3. Aqui estou eu.
    E aí está você lendo esse comentário.
    Espero que esteja bem.
    Adorei o post e sinto sua falta
    =*

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