Por mais de sete vezes pensei em conversar com o homem da praça. Sempre algo acontecia e esse pensamento saía do topo da lista das prioridades elencadas na cabeça. Quando lembrava, ele já tinha sumido. Geralmente eu cogitava deixar o papo para o outro dia, afinal, ele sempre estava lá, eu também... Sua chegada acontecia em alguns horários específicos, marcados, e logo o homem aparecia acompanhado de sua magrela-vermelha-modelo-1972. Chegava, fazia o reconhecimento panorâmico de campo, colocava as mãos na cintura, franzia a testa emborrachada e logo em seguida sentava num dos banquinhos cinzas de concreto. Ali continuava, mirando sem pressa, (cotovelo encostado na pequena mesa quadrangular, mão segurando o peso da cabeça, o peso de tudo) guardando com maestria um punhado dos seus segredos. Mas acabei não mais estando por lá, e, confesso, vez ou outra ainda me pego criando enigmas para a figura da praça. Talvez fora o senhor das marionetes, quem comandava todo o espetáculo vespert...
Ai, Scheyla, gosto tanto dos seus textos. Simples e complexos. E deliciosos!
ResponderExcluirMe senti motivado a criar um blog. Você um dia falou que eu tinha potêncial... Gosto de ler vc. Espero contar com seus comentários.
ResponderExcluirAbraço.
parece brincadeira e você não vai acreditar: mas hoje mesmo, há minutos atrás, perdi um botão da minha camiseta.
ResponderExcluirBotão, botão. Botão de bota grande. Botão de segurar as vergonhas do nu.
ResponderExcluirQue bom Scheyla!
Essa expressão "pensar com seus botões" não tem equivalente. E o texto ficou lindo!
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