A figura da praça
Por mais de sete vezes pensei em conversar com o homem da praça. Sempre algo acontecia e esse pensamento saía do topo da lista das prioridades elencadas na cabeça. Quando lembrava, ele já tinha sumido. Geralmente eu cogitava deixar o papo para o outro dia, afinal, ele sempre estava lá, eu também... Sua chegada acontecia em alguns horários específicos, marcados, e logo o homem aparecia acompanhado de sua magrela-vermelha-modelo-1972. Chegava, fazia o reconhecimento panorâmico de campo, colocava as mãos na cintura, franzia a testa emborrachada e logo em seguida sentava num dos banquinhos cinzas de concreto. Ali continuava, mirando sem pressa, (cotovelo encostado na pequena mesa quadrangular, mão segurando o peso da cabeça, o peso de tudo) guardando com maestria um punhado dos seus segredos. Mas acabei não mais estando por lá, e, confesso, vez ou outra ainda me pego criando enigmas para a figura da praça. Talvez fora o senhor das marionetes, quem comandava todo o espetáculo vespert...
ali
ResponderExcluirsó
ali
se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce
ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
Leminski, Paulo