Sobre fantasmas (ou quando ainda não se falava de ghosting)

“Martita não voltou a me chamar, nem me escreveu depois, nem soube dela. É claro que pode voltar a bater na minha porta no momento menos pensado, e muitas vezes fantasiei respostas vingativas. Por exemplo, dizer pra ela: “não, agora é tarde demais” e bater a porta na sua cara. Mas são só fantasias que, até bem pouco tempo atrás, eu juraria que era capaz de realizar, mas não, agora acabam de soar uns golpes na porta e estou completamente desconcertado. Passou muito tempo e eu já não sei se sou capaz de reconhecer o exato ‘toc-toc’ de Martita, acho que não deve ser ela, deve ser outra pessoa, outra confusão minha. 'Toc-toc’. Mas com Martita nunca se sabe e é obvio que eu não sei matar fantasmas.” 
Mempo Giardinelli

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