Do alto da laje

Do alto da laje ela sondava os seres passantes que vinham e íam com pressa e sem rumo. Imaginava o que cada um trazia ou levava nas suas sacolas, nas suas caixas, nos seus interiores. Sorria de canto ao imaginar coisas engraçadas. Costurava histórias, mesclando os personagens que estavam transitando na mesma avenida. A mulher morena e cheinha podia se encontrar com o senhor que andava com as mãos cruzadas para trás, talvez eles ficassem rubros no primeiro momento, e depois, quem sabe... Ela costumava criar para os outros, e no fundo sabia que partes dela não eram ela. Estranho, pois não compreendia. Sentia um desassossego que vinha e passava, existia mas não se alojava. Como se quisesse lhe contar algo... e não pudesse. Sentia tudo do alto da laje, numa tarde de verão, enquanto observava pessoas e pássaros.

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