O sufoco
Meu pequeno quadrado de trinta centímetros² fora reduzido durante os primeiros vinte minutos de viagem. E agora eu ocupava um retângulo estreito, sem saída. O homem do lado esquerdo, que tinha uma ca
lça jeans dos anos 80, quis fazer graça, "já pensou se alguém vomita no ônibus?" - mal de brasileiro, sempre faz piada, debocha de sua própria situação, seria por um humor refinado, ou porque quer deixar a vida mais fácil? - Enfim, de qualquer forma, ninguém riu.
Eu não consegui contar quantos passageiros estavam ali, mas olha, definitivamente era muito mais do que o máximo permitido. Do que o máximo aceitável. Entre eles, Telma Roesler permanecia inquieta. Embora estivesse sentada, e num lugar privilegiado (ao lado da janela), a mulher do Mato Grosso do Sul não conseguia esconder a insatisfação com o meio de transporte "escolhido na marra", visto que não tinha uma linha 'convencional' para Imbituva no período da manhã. "Teria só às 17h10min, e eu não posso ficar até esse horário sentada na rodoviária esperando. Eu acho que isso é uma falta de respeito com o usuário", indigna-se. "Ah, e eles não queriam me deixar entrar com as malas! De certo eu viria do MS sem nada!", ironiza. Ela continuou contando que não recebeu as informações necessárias sobre como seria a viagem, e até se assustou quando lhe disseram que a passagem custaria apenas R$4. "Estou vendo isso aqui regredir, e isso me deixa muito triste, estou estarrecida", conclui, já com a mão direita na cabeça, e os ca
belos esvoaçados.
Mas tantos outros ali não reclamam. Até acreditam que merecem sofrer um pouco mais. Com os corpos envelhecidos e o espírito acomodado e esperançoso, eles apenas desejam que o ônibus chegue logo lá do lado de lá.
E a menininha dos olhos verdes sorria como se tudo aquilo não passasse de uma brincadeira que ela ainda não conhecia.
Eu não consegui contar quantos passageiros estavam ali, mas olha, definitivamente era muito mais do que o máximo permitido. Do que o máximo aceitável. Entre eles, Telma Roesler permanecia inquieta. Embora estivesse sentada, e num lugar privilegiado (ao lado da janela), a mulher do Mato Grosso do Sul não conseguia esconder a insatisfação com o meio de transporte "escolhido na marra", visto que não tinha uma linha 'convencional' para Imbituva no período da manhã. "Teria só às 17h10min, e eu não posso ficar até esse horário sentada na rodoviária esperando. Eu acho que isso é uma falta de respeito com o usuário", indigna-se. "Ah, e eles não queriam me deixar entrar com as malas! De certo eu viria do MS sem nada!", ironiza. Ela continuou contando que não recebeu as informações necessárias sobre como seria a viagem, e até se assustou quando lhe disseram que a passagem custaria apenas R$4. "Estou vendo isso aqui regredir, e isso me deixa muito triste, estou estarrecida", conclui, já com a mão direita na cabeça, e os ca
Mas tantos outros ali não reclamam. Até acreditam que merecem sofrer um pouco mais. Com os corpos envelhecidos e o espírito acomodado e esperançoso, eles apenas desejam que o ônibus chegue logo lá do lado de lá.
E a menininha dos olhos verdes sorria como se tudo aquilo não passasse de uma brincadeira que ela ainda não conhecia.
Textos e fotos: Scheyla Horst.
Viagem: 10 de maio de 2008.
Saída: 9h45min - Metropolitano Princesa dos Campos.
Linha: PG - Imbituva - Guamiranga - Prudentópolis - Guarapuava.
Pensei uma coisa aqui: no dia que eu fui pra Guarapuava estava meio frio, com alguns pingos de chuva. Naqueles dias que ninguém abre a janela de ônibus se não fica todo mundo ainda mais molhado... Imagina se isso acontece? Olha, dei sorte. Consegui ficar bem quietinh ali. Até dormi! Enfim, voltando.
ResponderExcluirÉ quase um descaso com a população que depende desses ônibus. Será que aumentar a frota não ajudava?
Muito bom seu texto e as fotos também Scheyla! :D
Beijos
ps: que deselegância você ficar reparando no comentário dos outros em!? o.O
hauhauhauhaua
^^
eh bacana...
ResponderExcluirgostei dessa moça...ela naum eh taum bobinha quanto parece!!!!
hahahaha...
parabens Scheyla....bjo!!!