Semáforo vermelho para João
Conheci João Maria no mês passado. Quando voltava para casa após o expediente, o semáforo ficou vermelho e ele meio que me ofereceu umas balas de goma. Fiquei com dó dos seus olhos e comprei. Lá se foi um real. Noutro dia, o mesmo sinaleiro quis ser rubro na minha vez. Perguntei: “como vão as vendas?”. Ele, sem jeito, respondeu: “xi, bem fraco”. Tarde dessas resolvi conversar com mais calma e entender o que o levou a comercializar Gomets naquela quadra. Embora já prevendo, constatei que o homem que vende doces tem uma vida amarga. Papo vai, papo vem, combinamos que eu escreveria sobre ele no jornal. João se matriculou há algumas semanas num centro de educação de jovens e adultos, pois quer aprender algo com o objetivo de conseguir um emprego que o trate menos como animal de carga e mais como ser humano. Ontem, bem quando o semáforo fechou, deixei o exemplar com ele, que olhou as páginas rapidamente e guardou a edição na bolsa verde musgo que abriga as caixas de balas. Hoje, no mesmo cr...