A beleza não é luxo, é uma necessidade daqueles que são feitos da mesma farinha. Farinha, ovos, fermento, assa um tiquinho. Então surge um corpo pequeno, pensante, cheio de querer ser descobridor de coisas. Nasce sol, põe-se sol, não importa o tanto de dinheiro na conta, todos têm apenas o cotidiano, como a dona Evanir. Seu dia a dia raramente é algo fora do comum, quase parece regra ser ordinário. Mas, no fim, todos entendem destas coisas, e ela pega umas flores de plástico para colocar em cima do armário da cozinha. A beleza não é luxo. É necessidade. E numa prece, mesmo sem saber se diz o que diz, a mulher recita os versos de Adélia: 'Louvado sejas porque eu quero morrer, mas tenho medo e insisto em esperar o prometido. Uma vez, quando eu era menina, abri a porta de noite, a horta estava branca de luar e acreditei sem nenhum sofrimento'.