Tem gente que vai

Na última visita, mesmo sem ter se levantado da cama, o que já não conseguia sozinha, a tia disse que tinha preparado o almoço: bolo de fubá com ervilhas. "Não foram bolinhos fritos?", questionou minha mãe. "Ah é, foram fritos", corrigiu ela, com os cabelos branquinhos, quase transparentes, como seus pensamentos. O dia era de sol alto e céu claro, mas a tia falou que já tinha pedido várias vezes para que as crianças saíssem da chuva e do barro. Os pequenos, por certo, eram os seus filhos, que não estavam ali naquela tarde e também já não eram as crianças que correm na lama. Há algum tempo sua memória virara um liquidificador, misturando datas, rostos, histórias, segredos. Agora descansa.

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