Às seis da tarde
Hoje eu pensei que queria falar sobre um tema específico. Era sobre as mulheres que eu vejo todo dia no caminho para casa, perto do momento do sol se despedir. Algumas são domésticas, outras caixas de supermercado ou talvez zeladoras. Angustiam-me os seus olhos, que se abaixam e sabe-se-lá-para-onde-é-que-vão. Sem querer, acabei lendo um texto da jornalista e escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti, que, incrivelmente, continha aquilo que eu poderia ter pensado em escrever:
“Às seis da tarde as mulheres choravam no banheiro. Não choravam por isso ou por aquilo, choravam porque o pranto subia garganta acima, mesmo se os filhos cresciam com boa saúde, se havia comida no fogo e se o marido lhes dava do bom e do melhor. Choravam porque no céu, além do basculante, o dia se punha. Porque uma ânsia, uma dor, uma gastura, era só o que sobrava dos seus sonhos. Agora, às seis da tarde, as mulheres regressam do trabalho, o dia se põe, os filhos crescem, o fogo espera
e elas não podem,
não querem
chorar na condução”.
“Às seis da tarde as mulheres choravam no banheiro. Não choravam por isso ou por aquilo, choravam porque o pranto subia garganta acima, mesmo se os filhos cresciam com boa saúde, se havia comida no fogo e se o marido lhes dava do bom e do melhor. Choravam porque no céu, além do basculante, o dia se punha. Porque uma ânsia, uma dor, uma gastura, era só o que sobrava dos seus sonhos. Agora, às seis da tarde, as mulheres regressam do trabalho, o dia se põe, os filhos crescem, o fogo espera
e elas não podem,
não querem
chorar na condução”.
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