espírito natalino...

Intrepidez talvez seja um adjetivo que caiba à definição do menino que agora usa camiseta vermelha de detalhe azul na gola. Isso porque ele não teme qualquer coisa e sempre observa as pessoas através do fundo-bem-fundo dos olhos, sem nem se importar com as consequências desse ato tão bravo. Gosta de sentir o medo translúcido nos rostos cansados dos adultos, que desviam a expressão para o lado quando se sentem desmascarados. Acha que não tem o que perder e nem se importa mais em ganhar alguma coisa. A última vez que recebeu um presente desses de fim de ano, foi um caminhãozinho de plástico seco e ruim, logo quebrou, antes da Páscoa. Sabia que quanto mais apelativo e emocionante conseguisse ser no momento de escrever a cartinha - claro, sem pedidos muito caros - mais chances teria de receber uma visita de um carro da prefeitura ou de voluntários. Esses caridosos sempre vinham com câmeras fotográficas ou filmadoras, para registrar. Bondade sem registro não vale nada na hora do relatório.
"E é porque eu amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade", Paulo Freire.

Fica aqui o meu desabafo de fim de ano.


Mais fotos desses desatinos: http://flickr.com/photos/scheylahorst

Comentários

  1. "Bondade sem registro não vale nada na hora do relatório" - que belo tapa na cara de muita gente hein?!

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  2. Feliz Natal Scheyla! Pra você, tua família, pro menino e pra dele também.

    Beijão!

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  3. É... Como já diria a sábia pheebe, nao existe altruísmo sem egoísmo.
    Muito bom...bju

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