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Mostrando postagens de fevereiro, 2009

Sobre botões

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Ela gosta de ter botões coloridos nos cadernos, nos brincos e até nas blusas e ne sta tarde gripada pensou co m se us botões, so bre tudo e nada. É q ue um d ia ouviu dizer por aí, acho que foi numa esquina, que na casa do S eu Botão moram muitos e muitos e muitos, e cada u m tem seu papel na sociedade dos seres inanimados e redondos com buraquinhos (que seriam os olhinhos) de passar o fio e a agulha, que cutuca, -"Ai, ai". Ninguém fala sobre isso, mas há de se con vir que não existe nada mais triste que ser o primeiro botão, aquele que ningué m o us a fechar, porque está muito perto do pescoço. Ou aquele que cai num dia qualq uer, e nem é percebido... só depois de um tempo, quando se vai numa lo ja especializada em mi udezas, procurar um parecido, do mesmo tom, tamanho, importância. imagem: Getty Images.

cenas guarapuavanas

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- guará o quê? - gua-ra-pu-a-va-nas! - ahh... - e é tudo sonho. - sonho do quê? - de goiabada. Foto minha. Bairro Santa Cruz.

somos quem podemos, sonhos

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Como trilha sonora, uma voz rouca, melosa e quiçá suada, repete o mesmo verso sem parar. "A fila anda, amor. A fila anda". No ar, o cheiro de fritura de pastel se mistura ao aroma da chuva que cai no asfalto quente. Não tão sóbrio, o homem de boné azul que vende algodão doce, experimenta uma tarde cinza, sem açúcar, sem nada. Ele encosta o cotovelo esquerdo na cerca, e olha com um sorriso torto as pessoas que andam mais rápido do que costume, por conta dos pingos que caem do céu... Coloca a mão no bolso da calça jeans suja para alcançar o troco da moça que pegou um algodão verde para o seu filho de cabelo laranjado. O homem pára mais uma vez, a observar o movimento, agora bate o instrumento sonoro típico dos vendedores de algodão doce enquanto olha para as nuvens, que parecem algodão... Texto meu. Foto de Ricardo Fabrello, disponível em Olhares.com

Do latim, afflictione

Amarelecida, pensei em escrever sobre o canto desesperado dos grilos, que apavoram as noites que parecem nunca encontrar um fim. Rabisquei duas linhas, e, vencida, desisti. Comecei a contar, então, o meu sonho do cochilo, mas ah, não é de se escrever assim. Insisti em jogar letras organizadas em palavras numa caixa bem guardada, no alto do armário. No entanto, hoje tudo se torna nada com tanta elegância e sutileza que nada parecem ser há inúmeras décadas empoeiradas, que dão coceira no nariz. Enquanto as vozes mudas entoam a frase feita: Tradição em não ter sentido. Senti. Sem ti. Do.

retalho antigo

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[março de 93]. Feriado de tempestades, disso eu lembro. Um dia de "sujar o pé na areia para depois lavar na água. Lavar o pé na água para depois sujar, de areia. Esperar o vagalume piscar outra vez, ouvir a onda mais distante por detrás da onda próxima...Ter saudade no final da tarde, para quando escurecer, esquecer. Ao se deitar para dormir, dormir. ". Foto do arquivo, referência no texto à Arnaldo Antunes, "Num dia".

Gentes

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Sempre quando viajo, e levo a câmera fotográfica, volto para casa olhando as imagens para escolher qual delas vai ser o "resumo". Confesso que gosto do que não é trivial. Do que foge àquilo que todo-mundo-deveria-estar-fazendo-naquele-momento. Talvez por isso eu tenha escolhido a foto abaixo para ilustrar os três dias passados. Um detalhe interessante é que o banco onde esta senhora tirava o seu cochilo vespertino ficava exatamente ao lado do palco onde o pessoal dançava axé music. Viva a diversidade! Guaratuba-PR. Esta foto não é pública. Todos os direitos reservados.