A primeira coisa que leio quando pego a Folha de SP é o rodapé da página 4 do Cotidiano. Sim, é a seção Mortes. Os textos sempre me deixam pensando, só que fazem o estilo 'agora, enfim, o fulano tem valor'. Considero que o interessante é dar espaço para essas vidas tão ilustremente pacatas enquanto o personagem ainda pode recortar o texto e mostrá-lo para um ou outro, cheio de si e até espantado pela importância de sua história – não que ela seja algo de mais, mas bem longe de ser algo de menos. Como Pedro, que disse que vai guardar para a posteridade o pedaço de papel que revela suas táticas para permanecer na tranquilidade. Como Mari, que sempre quis que alguém contasse suas peripécias e agradeceu aos risos. Como Albino, que nem é de ler jornal, mas naquela vez fez um esforço. Tão igual disse Eliane Brum: “como se cada Zé fosse um Ulisses e cada pequena vida uma Odisséia”.